Resenha “O grande Gatsby”

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Francis Scott Fitzgerald, autor norte americano nascido em 1896, inclui em sua bibliografia contos e romances da geração chamada “geração perdida” na literatura americana, que foram os autores que acabaram indo para a Europa. O autor é conhecido por suas críticas aos ‘endinheirados’ da era do jazz e acaba por retratar em suas obras questões pessoais e sociais com um requinte que é só dele.

Ao falar em romance, o mais famoso e conhecido do autor é o lindíssimo “O grande Gatsby”, lançado no ano de 1925. O romance pode ser encarado, até certo ponto, como uma autobiografia do autor.

A obra inicia com o narrador Nick nos contando sobre os acontecimentos que o levaram a conhecer Gatsby, o excêntrico novo rico de West Egg, um homem misteriosos e ‘suspeito’ que possui uma casa deslumbrante e gosta de dar festas gigantescas aos finais de semana, atraindo uma quantidade enorme de pessoas. O personagem principal só aparecerá no terceiro capítulo e, quando acontece, já estamos bastante envolvidos com sua história. Riqueza, jazz, gim (que é uma bebida quase proibida na época), sexo, carros e mansões colossais são as obsessões mais presentes na obra.

Nick é primo de Daisy. Daisy é casada com Tom. Jordan é amiga do casal. Gatsby ama imensurávelmente a Daisy. Tais personagens são utilizados para criar um retrato da época, cada qual a seu modo, representando as questões sociais, as máscaras, a conveniência, a futilidade e até mesmo irracionalidade de um tipo específico de sociedade. Gatsby funciona como um contraponto extremamente romântico dentro da narrativa, mas guarda ainda inúmeros traços de futilidade – que aqui ganha ares de profundidade – e usa também suas máscaras, afim de se tornar uma espécie de personagem de si mesmo e não transparecer seus reais sentimentos e valores.

“Gatsby, que representava tudo aquilo que me causava genuíno desprezo. Se a personalidade é uma série contínua de gestos bem-sucedidos, então havia algo de grandioso naquele homem, certa sensibilidade exaltada às promessas da vida, como se ele guardasse alguma relação com aquelas máquinas intrincadas que registram terremotos a quilômetros de distância.”

James Gatz é seu nome de nascimento. Sua origem é pobre e difícil, mas haverá uma força que o impulsionará a crescer na vida e se tornar o personagem que nós conhecemos e amamos. “Meu velho”, é a expressão carinhosa e caricata que Jay tem para tratar as pessoas. Um personagem que fugiu de uma existência medíocre motivado pelo amor e que planejou a vida inteira para alcançar o patamar – social – necessário para amar da ‘maneira apropriada’. Gastby vai para a guerra afim de conquistar algumas condecorações e visibilidade. Seu romantismo obsessivo é a única coisa que se opõe ao ilusionismo da riqueza exacerbada que regia o momento.

“Suponho que ele já tinha escolhido o nome havia tempos, mesmo então. Seus pais eram fazendeiros preguiçosos e fracassados – sua imaginação nunca os reconhecera como pais. A verdade era que Jay Gatsby de West Egg havia saído da própria concepção platônica de si mesmo. Ele era um filho de Deus…” 

Daisy, por outro lado, será uma personagem fraca, carregada de futilidades, que passa por cima de seus sentimentos por conta das convenções sociais e que não cativa o leitor.

O que mais marca na obra é o fato de Gatsby viver por alguns anos rodeado por uma quantidade enorme de pessoas e ter um desfecho solitário. A única aspiração de sua vida era ser visto por Daisy e poder dar a ela o mais profundo amor. Nick acaba se tornando seu único amigo. Em nome do amor, perde tudo o que havia conquistado e é levado a um final trágico, carregado de emoção. Um personagem que possuía tudo e não tinha nada.

No capítulo final a carga emocional é enorme, há a denúncia absoluta de como eram feitas as relações na época, tudo pelo interesse e pelo bem pessoal, uma sociedade repleta de pessoas egoístas e mesquinhas, que busca somente status e que faz dos arranjos sociais sua força. Até mesmo o pai do personagem via nele um degrau para ascensão social, de modo que a única foto que possuía ‘do filho’ era, na verdade, uma foto da mansão de Gatsby.

Esta obra mostra, mais uma vez, o poder que um clássico tem de se manter atualizado e atemporal, evocando questões de grandeza dentro do leitor.

“Enquanto estava ali, remoendo esse velho e desconhecido mundo, pensei no assombro de Gatsby ao ver pela primeira vez a luz verde da extremidade do cais de Daisy. Ele havia percorrido um caminho enorme até chegar a esse jardim azulado, e seu sonho lhe deve ter parecido tão próximo que dificilmente o deixaria escapar. O que ele não sabia é que já estava fora de seu alcance.”

Em 2013, foi lançado o filme baseado na obra estrelado pelo ~ MARAVILHOSO ~ Leonardo DiCaprio

Ano: 2011
Editora: Pinguim – Companhia
Número de páginas: 256
Nota: 4.5/5

Resenha por: Munique

3 comentários sobre “Resenha “O grande Gatsby”

  1. Val disse:

    Gostei muito do livro, é para reflexões mesmo. É dele tb O curioso caso de Benjamin Button, não sei se vc leu o livro, o filme acabou ficando mais famoso. Foi um dos primeiros que resenhei no meu blog 🙂
    Bjs!
    Val

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